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Parlamento da Irlanda do Norte: tensão com Londres. Foto: Bob DickyParlamento da Irlanda do Norte: tensão com Londres. Foto: Bob Dicky

Irlanda do Norte: Bloody Sunday e Brexit 

Domingo Sangrento, tema da canção Sunday Bloody Sunday, e saída do Reino Unido da UE marcam profundamente a história da metade britânica da ilha dividida.

(brpress) – Sunday Bloody Sunday… Ironia do destino que os 50 anos do Domingo Sangrento – imortalizado pela canção do U2 –  caia num domingo (30/01). Nesta data, em 1972, soldados britânicos atiraram em manifestantes pacíficos em Londonderry, na Irlanda do Norte, matando 13 jovens (o 14o. ferido morreria meses depois). 

Até hoje, famílias das vítimas lutam por justiça e ninguém foi condenado. Um inquérito foi arquivado e sua reabertura é a principal demanda dos irlandeses católicos – tema principal do evento que levou centenas às ruas de Derry (como Londonderry é chamada pelos republicanos – sem o prefixo imperialista ‘London’), neste final de semana. 

Troubles

O Bloody Sunday marcou os Troubles, nome dado ao conflito entre republicanos (que querem as Irlandas do sul, a República (também chamada de Eire), e do Norte, parte do Reino Unido, unificadas) e os unionistas protestantes (que querem permanecer junto ao Reino Unido). 

Trata-se de uma guerra civil que durou 30 anos, arrefecendo com o Good Friday Agreement (‘Acordo da Semana Santa), que, em 1998, estabeleceu o poder compartilhado entre ambos os grupos na Irlanda do Norte e prevê que somente a vontade da maioria, manifestada por referendo, pode reunificar as duas Irlandas.  

Brexit

Falando em referendo, desde um deles disse sim ao Brexit (saída do Reino Unido da União Europeia), a tensão entre Londres e Belfast voltou. Para começar, 55,8% da população da Irlanda do Norte votou para ficar na UE, mas o sair ganhou no Reino Unido com 51,9%. 

A Irlanda do Norte, que usufruia do livre movimento de mercadorias e pessoas, sem controle de passaportes e alfandegário, com a República – porta de entrada também para a União Europeia –, ficou “ilhada” por causa do Brexit, que muda tudo em movimentações de pessoas e taxações de mercadorias. 

Apesar de integrar o Reino Unido, a Irlanda do Norte fica geograficamente fora da Grã-Bretanha e desfruta do estratégico status de ser a única fronteira física do Reino Unido com a UE, da qual a República da Irlanda é membro

Status complicado

O governo britânico prometeu que não haveria uma fronteira física ou “hard border” com a República da Irlanda, criando o Protocolo para a Irlanda do Norte – um conjunto de regras especiais para que parte do seu território permaneça dentro do mercado único europeu de bens, apesar de haver barreiras alfandegárias na chegada à Irlanda do Norte pelo Mar da Irlanda para a impedir que produtos vindos do resto do Reino Unido (Inglaterra, Escócia e País de Gales) entrem no mercado único europeu por essa “porta”, sem controle, e vice-versa.

Londres suspendeu a aplicação do protocolo e quer renegociá-lo com a UE – que tem rejeitado unanimemente as propostas da atual ministra do Brexit e chefe da diplomacia britânica, Liz Truss. 

Volta dos problemas

é inegável que o Brexit virou um foco de tensão na Irlanda do Norte, com os unionistas se recusando a aceitar que leis europeias sejam válidas em território britânico, travando o funcionamento do parlamento norte-irlandês. Os republicanos, por sua vez, têm sido mais condescendentes com as propostas de Londres e da UE de trabalhar juntos na solução.

Há quem diga que os problemas com o pode detonar um novo conflito senão a unificação das Irlandas – defendida desde sempre pelo governo da República, que agora assume protagonismo na UE.

Meio século após aquele domingo sangrento, as feridas ainda não sararam e há novas que surgem por causa do Brexit e o Protocolo para a Irlanda do Norte. Um tema que vai dominar a campanha para as eleições britânicas de 5 de maio.

(Juliana Resende, brpress)

Juliana Resende

Jornalista, sócia e CCO da brpress, Juliana Resende assina conteúdos para veículos no Brasil e exterior, e atua como produtora. É autora do livro-reportagem Operação Rio – Relatos de Uma Guerra Brasileira e coprodutora do documentário Agora Eu Quero Gritar.

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